Relatório da UNICEF afirma que cera de 8,4 milhões de meninos e meninas foram afetados pelos conflitos no país
Uma guerra que se alastra por cinco anos é o cenário da infância de 8,4 milhões de crianças sírias, mais de 80% da população do país. Os dados são do mais recente relatório da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para Infância) e as conclusões não são nada animadoras. De acordo com o documento, intitulado “No Place For Children” (Sem lugar para crianças), tanto as crianças que ainda residem no país quanto aquelas que vivem refugiadas em países próximos, estão com o futuro ameaçado caso nada seja feito para mudar o quadro.
Nas primeiras páginas do relatório, Anthony Lake, diretor executivo da organização, traz um questionamento sobre o que pode ser feito para reparar todo o dano que a guerra civil trouxe para a vida dessas crianças e afirma: “Não podemos devolver os preciosos anos da infância roubados por essa guerra brutal, mas podemos e devemos evitar que o futuro também seja roubado. O futuro dessas crianças é o futuro da Síria”.
A guerra civil na Síria é um emaranhado de conflitos que englobam forças do governo, rebeldes, radicais islâmicos e nações estrangeiras, um confuso jogo de interesses que torna difícil entender quem está a favor de quem. Apoio é algo que todos os lados dessa guerra buscam para fortalecer suas iniciativas. Porém há lados sem aliados, como o Estado Islâmico, grupo radical que planeja instituir um califado nos territórios da Síria e do Iraque.
O EI é principal inimigo a ser combatido nesta guerra, já causou morte e destruição demais. Estão contra ele: forças do governo de Bashar al Assad, Rússia , Irã e os Aliados (compostos por EUA, Canadá, França, Reino Unido e alguns países árabes), que, por sua vez lutam também contra o ditador sírio e apoiam rebeldes moderados e os curdos. A Turquia apoia os EUA e combate os separatistas curdos. A Arábia Saudita opõe-se a Bashar al Assad, ficando ao lado de rebeldes sunitas. A favor do presidente sírio estão apenas Irã e Rússia (que apoia o governo mesmo antes da guerra). É uma confusão, cada um defendendo seus interesses enquanto inocentes de todo o país sofrem as consequências, como mostra o diagnóstico da UNICEF.
Mas nem só de notícias ruins se compõe o relatório. Afinal, de nada adianta apresentar os dados sem propor soluções ou medidas que possam amenizar/erradicar o problema. O parecer da instituição tem algumas recomendações. A organização pediu respeito aos direitos das crianças e o cumprimento dos deveres da lei humanitária internacional. Disse que o investimento na aprendizagem é crucial para garantir a essas crianças um futuro melhor, além de buscar captar cerca de 2,5 bilhões de dólares para ajudar a levar educação e continuar o trabalho de assistência a essas crianças tanto na Síria quanto nos países vizinhos.
Resta saber se as recomendações da UNICEF serão atendidas, já que, infelizmente, essa guerra parece longe de acabar.

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