A opressão de um relacionamento abusivo

*A autora deste texto preferiu não se identificar 


Ele era tudo o que eu havia pedido: um homem trabalhador, temente a Deus, se importava com as pessoas e, principalmente, me amava. Eu achava que ele era tudo que eu havia pedido, já que ele também foi meu maior opressor. Um relacionamento que até então era saudável se transformou numa prisão: eu não podia fazer nada sem o consentimento dele. Eu não deveria usar o cabelo solto longe da sua presença, pois eu deveria ser bonita apenas para ele. Eu não podia sair com as amigas, pois ele viria atrás de mim e no fim ainda me culparia por suas ações. E por algum tempo eu fiz da verdade dele a minha verdade. Eu o amava e, ingênua, acreditava que sua visão de mundo era melhor que a minha.
Na tentativa de me encontrar nele, acabei me perdendo. Não reconhecia a mim mesma. Não era mais eu, mas quem ele queria que eu fosse. Perdi minha voz, minha identidade. Perdi meu amor próprio e me deixei carregar por um sentimento que em vez de fazer bem, só aumentava o ego do meu opressor. Entrei de cabeça na depressão, um buraco escuro no qual ninguém jamais imaginou que eu estivesse, mantinha um sorriso no rosto, mesmo que soubesse que tudo aquilo estava errado. Não sabia o que era um relacionamento abusivo ou acreditava que só podia chamar assim se houvesse agressão e, como ele não fazia isso, eu dizia para mim mesma que parasse de ser tão fraca, relacionamentos são difíceis e que se ele me amava, o resto (a dor, a angústia e a opressão) era resto.
Mas não era. O resto era o mais importante, era a minha vida. E foi a partir daí que eu comecei a perceber minha verdadeira identidade: a de filha do rei. Princesa. Menina dos olhos de Deus. Propriedade daquele que me criou e tinha (ainda tem) grandes planos para mim e que eu não deveria jamais me contentar com o pouco que a vida me oferece se Ele, o MEU PAI, tem o melhor pra mim. Pela misericórdia e graça de Deus eu consegui me libertar, me reerguer e não foi um processo fácil nem rápido, mas foi um período que senti que minhas feridas estavam sendo saradas, com tempo suficiente para serem cicatrizadas, para que hoje eu possa olhar com amor para as pessoas, inclusive para o meu opressor.
Hoje, enquanto sigo a minha jornada com Cristo, tento, debaixo da sua graça, encorajar meninas e meninos a se livrarem de relacionamentos abusivos, mesmo quando muitos deles nem entendem que estão vivendo em um. Tento lembrá-los que Jesus morreu por eles para fossem livres e não acorrentados por sentimentos que só trazem dor. Hoje, meu coração está leve, eu perdoei e me perdoei por me permitir tanto. E eu oro para que você, menino ou menina, homem ou mulher, onde estiver, possa se amar tanto a ponto de ter forças para se libertar, e para que possa perceber o seu valor de filho amado de Deus. 

Unknown

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