Campanha feita no Brasil e no mundo tenta conscientizar sobre a prevenção do suicídio
Não falar sobre uma coisa só aumenta o medo dela. Não discutir um problema, faz dele um mistério, um tabu. E é para contrariar essa realidade que foi criada a campanha Setembro Amarelo, que busca criar uma conscientização a respeito do suicídio como um problema de saúde pública. De acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 800 mil pessoas no mundo atentam contra a própria vida todo ano, isso dá uma média de um suicídio a cada 40 segundo. O autoextermínio já mata mais do que guerras e até mesmo a Aids. São dados assustadores e que precisam ser discutidos.
É fácil julgar alguém que resolve acabar com sua vida. Mais fácil ainda é não perceber os sinais que antecedem o desastre. A Dra. Maria Cristina De Stefano, sentiu isso na pele. Perdeu o filho em 2012 aos 34 anos: “Não percebi a gravidade do estado de Felipe, até porque ele era muito independente e fechado em si mesmo. Só depois de ler os diários deixados por ele é que tive certeza do quanto estava doente mentalmente”, lembra a psiquiatra.
Mesmo passando por uma dor tão intensa, a Dra. Maria Cristina decidiu que a força de sua angústia poderia ser usada de forma a ajudar na prevenção do suicídio e lamenta a falta de debate sobre o assunto na sociedade brasileira e mundial: “Diante do suicídio, calam-se as famílias, os médicos, a imprensa e a sociedade. Eu não poderia ficar em silêncio”, afirma a médica. Após a morte do filho, a psiquiatra virou militante da causa, fazendo palestras com estudantes, profissionais da saúde e com membros de instituições e entidades diversas. Outra atitude tomada para a conscientização foi a publicação do livro ‘Suicídio: a epidemia calada’, com textos do diário de Felipe, um resumo dos últimos três anos de vida do rapaz.
Além da luta diária para combater o autoextermínio, a Dra. Maria Cristina realizará entre os dias 19 e 30 de setembro, na Biblioteca Municipal de Jundiaí, uma exposição com os quadros do filho. A ação faz parte de uma série de eventos e palestras que marcam o Setembro Amarelo, os estabelecimentos que apoiam a iniciativa serão identificados com a cor que caracteriza a campanha.
Toda essa luta tem como objetivo alertar potenciais suicidas e suas famílias a procurarem ajuda antes que seja tarde demais e, por isso, é tão importante que os números sejam divulgados, que a mídia, as famílias e toda sociedade fale sobre o problema, não com objetivo de apontar culpados, já que, segundo a psiquiatra, “quando o assunto é a morte planejada, ninguém é culpado, mas todos somos vítimas”. A Dra. Maria Cristina conclui com um alerta importante: “Às vezes tudo o que essas pessoas precisam é de atenção. Nós, como seres humanos, muitas vezes ignoramos quando as pessoas lamentam da vida. Um parente ou um amigo pode não estar bem e não ser pieguice, mas sim doença”, diz a psiquiatra.

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